No texto anterior comentei que li “Galveston” por influência da série True Detective, com “O Rei de Amarelo” aconteceu exatamente a mesma coisa. Fiquei muito curioso com as menções da série a este livro escrito por Robert W. Chambers em 1895. A ideia de que uma história é capaz de enlouquecer quem a lê me pareceu formidável, e é mais ou menos o que acontece mesmo com os personagens deste livro.
O livro é uma coletânea de dez contos, metade deles faz referências a um tal livro fictício de uma peça teatral chamada O Rei de Amarelo, e aborda a insanidade daqueles que se atreveram a ler a obra. Chambers brinca com a lucidez dos seus personagens, mistura terror, suspense e até pitadas de fantasia e ficção científica em seus contos. Achei bem interessante a experiência de ler um autor que sem dúvidas inspirou outros escritores que gosto bastante como H. P. Lovecraft e Stephen King.
Dentre contos macabros e outros mais realistas, eu gostei mais dos que vão pro lado sobrenatural, mas isso não quer dizer que os outros também não sejam legais. “O Reparador de Reputações”, “A Máscara” e “O Emblema Amarelo” são os três que mais gostei.
O “Reparador de Reputações” se passa numa Nova York distópica onde judeus e negros foram expulsos, as forças militares tomam decisões políticas e existem “câmaras públicas” para que as inúmeras pessoas que se sentem infelizes possam se suicidar. Tem algo mais assustador do que isso?
Durante os diferentes contos encontramos fragmentos da peça fictícia O Rei de Amarelo, mas não há a peça na íntegra. Entretanto, este mistério em torno da peça é o que deixa o livro ainda mais intrigante e interessante. Vale a pena dar uma conferida, embora o autor não se preocupe em elucidar todos os mistérios, deixando alguns finais de seus contos bastante abertos.
O Rei de Amarelo | Robert W. Chambers