Juliano Garcia Pessanha
Não tenho bagagem suficiente pra falar sobre este ótimo “O Filósofo no Porta Luvas”, do escritor paulista Juliano Garcia Pessanha. Foi a minha primeira oportunidade lendo o autor, e uma experiência interessante e desafiadora.
Meu interesse pela obra surgiu depois de assistir a resenha do Lucas do Blog Livrada no Youtube, e principalmente por tocar diretamente num tema que me interessa cada vez mais: o existencialismo. Essas perguntas que vão surgindo ao longo da vida a respeito de “quem somos?”, e “por que fazemos e o que fazemos?” aparecem aqui e convidam o leitor à reflexão.
Acompanhamos a jornada de Frederico, os encontros e desencontros com seu “espaço de existência na sociedade”. Aos olhos do protagonista o mundo não é um lugar receptivo e acolhedor, ele se sente deslocado e alheio a tudo ao seu redor. Sua infância foi complicada, a relação com seus pais reforça uma sensação de estranhamento e não pertencimento. Auxiliado por um guru, Frederico passa boa parte de sua vida negando o seu lugar no mundo.
Isso faz com que o protagonista comece a procurar formas de se adaptar à realidade ao seu redor, transformando a história numa espécie de thriller existencial, com passagens engraçadas, ironias e contradições, momento melancólicos e um interessante encontro de Frederico com o próprio autor do livro, que aparece com um personagem a certa altura da trama.
Juliano nos entrega um texto que mistura romance, ensaio e muita discussão filosófica com seus personagens deslocados e inquietos. Aliás, foi preciso recorrer a certa pesquisa pra entender melhor sobre o pensamento do filósofo alemão Heidegger, que de certa forma permeia a reflexão em “O Filósofo no Porta Luvas”.
O livro é curto, intenso e requer bastante atenção do leitor. Não achei uma leitura fácil, mas concluí-lo foi uma pequena jornada, onde por diversas vezes me peguei tentando compreender meus próprios valores e sentimentos com relação ao meu lugar no mundo. É um livro que não termina quando acaba, pois você fica refletindo sobre ele por semanas e semanas.
O Filósofo no porta luvas | Juliano Garcia Pessanha
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