Ray Bradbury
A conquista e exploração do espaço pelo homem é um dos temas recorrentes em livros de ficção científica, e também um dos que mais me agradam. Justamente por isso resolvi dar uma chance para este ótimo As Crônicas de Marcianas, publicado em 1950 por Ray Bradbury.
A intrigante narrativa é feita a partir de contos que se passam entre 1999 e 2026, e relatam a tentativa dos humanos de colonizar o planeta Marte. Embora sejam histórias independentes, todos os contos fazem parte do mesmo enredo. Sendo assim, a história flui ao longo dos anos e nos mostra diversas expedições humanas ao planeta vermelho.
Ray Bradbury me envolveu com sua narrativa cheia de mistério e suspense. A todo momento há uma dúvida, uma questão a ser resolvida. O tom do livro alterna entre uma sensação de conquista e uma melancolia solitária. O autor aborda ainda temas como política, guerra, evolução tecnológica e questões ambientais. Dentre as vinte e seis crônicas, algumas longas, outras que não ocupam uma página inteira, todas incomodam de alguma maneira.
O destaque é a forma como Bradbury usa a ficção científica pra mostrar a verdadeira essência do ser humano e seus aspectos racistas, individualistas, e preconceituosos. O leitor se depara com conflitos ideológicos e inevitavelmente percebe que a raça humana, do alto da sua arrogância, é capaz de deixar um rastro de destruição por onde passa.
É uma obra artística, filosófica e até poética, que traz beleza e que de certa forma também fala muito sobre solidão. Uma leitura divertida e ao mesmo tempo sombria, fazendo o leitor refletir sobre como nós tentamos lidar com aquilo que nos é estranho; contando a passagem implacável do tempo, além de mostrar a linha tênue entre esperança e desespero. Baita livro!