![Justiça Ancilar](https://jornadaliteraria.com.br/wp-content/uploads/2022/11/justica-ancilar-Ann-Leckie-819x1024.jpg)
Ann Leckie
Imagine uma nave espacial narrando a sua própria história. Imagine agora que esta mesma nave possui corpos auxiliares (naves ou corpos com implantes eletrônicos) que são controlados por ela e podem estar em vários lugares ao mesmo tempo.
Justiça Ancilar, lançado em 2013 pela americana Ann Leckie, é uma obra repleta de ideias originais e vencedora dos principais prêmios de ficção científica e fantasia em 2014, faturando os prêmios Hugo, Nebula e Arthur C. Clarke Award.
A obra é uma space opera um tanto complexa que assusta o leitor num primeiro momento. Acompanhamos a história de Breq; uma inteligência artificial que é uma espécie de consciência de uma nave espacial. Essa consciência é dividida e controlada por Breq em dezenas de ancilares (auxiliares). Ou seja, Breq é uma IA que comanda ao mesmo tempo diversas naves e servos através de implantes corporais. Eu falei que era complexo, né?
As primeiras 100 páginas são bem complicadas, o leitor fica perdido tentando se situar no universo apresentado pela autora. A trama é narrada em dois momentos, no passado, quando Breq ainda era a nave “Justiça de Toren” e sofre uma traição; e no presente, com a jornada da protagonista num corpo humano em busca de vingança. Porém, uma vez que você passa pela estranheza inicial, o livro fica mais envolvente e dinâmico.
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Outra característica marcante é que como a protagonista é uma inteligência artificial, o enredo é apresentado e narrado com neutralidade de gênero, que é explicada por Breq logo no começo: “As Radchaai não ligam para gênero, e a língua que falam – minha própria primeira língua – não marca gênero de forma nenhuma. A língua que estávamos falando agora marcava, e eu podia criar encrenca para mim mesma se usasse as formas erradas”. Acompanhar a protagonista tendo que lidar com línguas que marcam gênero e confundindo o gênero de seus interlocutores é bem divertido.
Não indico o livro aos que não tem muita familiaridade com universos imaginados por Isaac Asimov, Ursula Le Guin, Arthur C. Clarke e outros mestres da ficção científica.
Justiça Ancilar
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