Nietzsche
Genealogia da Moral foi o meu primeiro contato com uma obra de Nietzsche, e sem dúvida uma das leituras que mais gostei de fazer em 2022. Tive uma experiência interessante, a linguagem não é tão rebuscada (pelo menos nesta obra), sua linha de raciocínio é clara e lógica.
Certamente não sou capaz de fazer um resumo que explique toda complexidade dos pensamentos do autor, mas de forma geral, em Genealogia da Moral, Nietzsche discute a origem dos sentimentos morais e chega a conclusão que a definição dos valores do que chamamos de “moralidade” estão ligados a divisão de classes (nobres e plebeus). Ele explica também como a religião teve e tem papel crucial na propagação de tais conceitos.
Nietzsche começa a obra investigando a raiz da palavra “bom” na busca por compreender a sua origem, ele descobre que a palavra alemã schlecht (mau) é idêntica à schlicht (simples). Daí, chega-se a schlichtsweg (simplesmente), que traz desde suas origens a função de designar o homem simples: plebeu.
Sua teoria explica também como os nobres e poderosos se apropriam dos “valores” denominados por eles mesmos como atos de bondade e nobreza, para a partir daí se definir o que é bom: (nobre, superior). Em oposição a essa difusa noção de bondade surge o “baixo”, o “plebeu”, o “vulgar”, considerado ruim ou mau.
Ou seja, a essência do nosso entendimento sobre o que é bom ou mau coloca na cabeça do plebeu (o pobre) que ele não é bom, e que todos os exemplos de superioridade e bondade estão ligados às classes dominantes da época, que obviamente é detentora de toda força política, social e capital.
Pra Nietzsche, a promessa de uma recompensa na vida posterior, que é a base das religiões, coloca o homem sempre como submisso a Deus. Sua proposta é que tais valores sejam reinterpretados (o que ele chama de transvaloração), já que os ditos “valores morais” são apenas fruto de um processo histórico e opressor.
Indico fortemente a leitura, pra quem gosta do tema.
1 comentário
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