Livro: Realismo Capitalista | Mark Fisher
É mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo? Este é o ponto de partida do ótimo “Realismo Capitalista”, obra do filósofo, escritor, e teórico cultural inglês Mark Fisher. Dono do blog K-Punk, Fisher ganhou notoriedade ao longo dos anos 2000 com seus textos sobre música, arte, cultura e política radical.
Com uma prosa leve, capítulos curtos com nomes curiosos como “Supernanny Marxista”, “Ninguém está entediado, tudo é entediante”, e “E se você convocasse um protesto e todo mundo aparecesse?”. Fisher recorre a filmes, músicas, obras literárias, política, trabalho e educação para pontuar sua análise objetiva e material. Ele traça paralelos e dá exemplos da nossa apatia frente ao capitalismo, que se vende como o único sistema político-econômico aparentemente viável no mundo; essa é a ideia que podemos chamar de Capitalismo Tardio.
Alguns dos pontos que mais me chamaram atenção são capítulos que expõem as inúmeras contradições do capitalismo, como por exemplo a ideia de ser um sistema que pretende libertar as pessoas da burocracia do estado, enquanto se apresenta como o único modo realista de governo.
Fisher também alerta sobre outro sintoma do capitalismo tardio que é a falsa ideia da meritocracia; onde acontece responsabilização individual, ou seja, cada pessoa é responsável pela própria condição de pobreza, da falta de oportunidades ou desemprego. A contradição fica evidente quando estes próprios indivíduos que não têm condições de mudar a sua própria realidade são diariamente bombardeados pela crença de que são capazes de fazer tudo o que quiserem.
O autor demonstra ainda como o aumento dos casos de depressão e ansiedade tem relação direta e estrutural com a forma de produção capitalista, focada basicamente em formar indivíduos que continuem construindo uma sociedade baseada na produção.
O que mais me pegou nessa leitura foi conseguir perceber o exemplos e ideias apresentadas na minha própria realidade, e a partir daí questionar valores e ideias que nos são impostas por essa lógica de viver em função de dinheiro.