Voltaire
Depois de ler o ótimo “Cândido ou o Otimismo” de Voltaire, pesquisei um pouco mais sobre o escritor e filósofo francês e descobri este conto filosófico escrito em 1752, que conta a história de um um gigante proveniente de um planeta da estrela Sírius. o livro é curtinho, a linguagem é super simples, e agrada leitores de todas as idades.
Micrômegas é um ser colossal com quilômetros de altura que viaja na cauda de cometas por diversos planetas. O gigante é um ser milenar dotado de conhecimentos muito acima da capacidade dos seres humanos, e mesmo assim, há nele uma incessante vontade de aprender, por isso, movido pelo interesse de conhecer o Universo, ele parte rumo a outras estrelas, até chegar ao nosso sistema solar e à nossa querida Terra.
Enquanto viaja de planeta em planeta tentando saciar sua curiosidade, Micromegas conhece criaturas infinitamente menores do que ele, mas que de forma bastante arrogante se consideram verdadeiros gênios. Voltaire coloca assim: “Falou-lhes de novo com muita bondade, embora no íntimo se achasse um tanto agastado de ver que os infinitamente pequenos tivessem um orgulho quase infinitamente grande”.
No decorrer da trama, Voltaire usa o personagem para questionar os valores da sociedade do seu tempo, ironiza a igreja e exalta a ciência com muito bom humor e altas doses de ironia, além de nos presentear com frases como: “porque nós aqui, nesta nossa bolinha de barro, não costumamos pensar em nada que seja diferente dos nossos próprios costumes”.
A obra utiliza a ficção científica como pano de fundo para tratar questões filosóficas de maneira leve e ao mesmo tempo profunda, falando sobre a natureza humana, a morte e a vastidão do universo. Micrômegas é a história de um contato, em que ambas as partes se maravilham com o fato de existirem coisas que escapam às suas próprias percepções imediatas.
A edição da Autêntica é bem cuidada e recheada de notas de rodapé que auxilia o leitor tanto com os costumes do tempo de Voltaire quanto com seus conceitos científicos e filosóficos. Excelente!