VOLTAIRE
Confesso que não sabia o que esperar quando escolhi “Cândido, ou o Otimismo” como leitura. Escrito por Voltaire em 1719, o texto pode ser classificado como fábula, crônica, talvez até como conto filosófico, e está recheado de humor ácido e sarcasmo da melhor qualidade, além de mostrar de forma satírica diversas facetas do comportamento humano.
São trinta capítulos curtos narrados em ritmo alucinante que contam uma série de infortúnios de Cândido, um protagonista bastante ingênuo que é expulso do castelo de Thunder-ten-tronckh depois de beijar sua amada, a bela Cunegunda.
Cândido embarca numa jornada onde conhece diferentes países e passa até mesmo pela América Latina ao lado de seu professor, Pangloss, que é um filósofo otimista que prega que “vivemos sempre no melhor dos mundos possíveis”. Pangloss é muito engraçado, e Voltaire usa o personagem para criticar o pensamento otimista diversas vezes, mostrando que a alienação pode ser um grande perigo.
Ao longo da jornada a dupla passa por diversas situações extremas de violência, guerras, terremotos, zoofilia (sim, você leu isso mesmo), e até quando o protagonista reencontra sua amada, desobre que ela vive em situação de escravidão.
Estes eventos brutais contradizem frequentemente o pensamento de Pangloss, fazendo com que Cândido aos poucos comece a se dar conta que o mundo não é nem de longe tão belo e puro como ele aprendeu. Mais pra frente a narrativa apresenta o personagem Martinho, um eterno pessimista que entende que o mundo caminha para a decadência, assim, o autor vai mostrando personagens com pensamentos cada vez mais antagônicos.
Voltaire, que tem uma visão bastante pessimista e realista do mundo, ridiculariza os dogmas das religiões, mostra como a política manipula o cidadão, faz críticas à cobiça dos seres humanos por riqueza, status social e àqueles que vivem uma vida de aparências. O autor mostra ainda a falta de sentido das guerras e outras peculiaridades inerentes à forma que nossa sociedade se organiza. É genial!
Quis matar-me uma centena de vezes, mas ainda amava a vida. Essa fraqueza ridícula talvez seja uma das nossas inclinações mais funestas. Pois há algo mais imbecil do que querer carregar continuamente um fardo que sempre queremos jogar ao chão?
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Cândido, ou o Otimismo | Voltaire
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2 comentários
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