Minha segunda leitura de Dostoiéviski foi o peculiar O Eterno Marido, e mesmo sem ter lido nenhum dos seus clássicos, eu já amo esse russo! QUE LIVRO INCRÍVEL! Minha impressão até aqui é que a escrita de “Dostô” é muito gostosa (já tô íntimo agora), seus personagens são únicos e imprevisíveis, e a história vai escalando de forma surpreendente. A literatura russa me pegou de jeito!
A trama aborda temas como relações conjugais, infidelidade, e seus desdobramentos, trazendo muitos questionamentos filosóficos (que delícia!). Trata-se de uma novela curtinha e que eu devorei rapidinho.
O Eterno Marido tem um tom tragicômico que me prendeu do começo ao fim, principalmente porque o autor mergulha fundo no psicológico dos personagens, se embrenhando nas minúcias do pensamento humano.
Rico, mulherengo, bem relacionado e um tanto arrogante, Veltchanínov é um solteirão na faixa dos 40 anos que mora em São Petersburgo. Quando jovem ele esteve envolvido com mulheres casadas aos montes, pois sempre foi dado à farra. Um belo dia um estranho chamado Pável Pávlovitch bate à sua porta e aparentemente trata-se de um antigo amigo (ele nem se lembra!). Veltchanínov pode ter tido um caso com a esposa deste estranho? Parece que sim! Isso é o que ele quer descobrir.
A partir daí a trama se desenvolve num emaranhado de acontecimentos e reviravoltas fascinantes. A forma como o autor desenvolve a obsessiva e peculiar relação entre os protagonistas é intensa e recheada de embates intelectuais, atingindo o ápice com o encerramento do livro.
Ainda sobre a escrita do Dostô, ele dá um show nos mostrando as nuances psicológicas de Veltchanínov e Pávlovitch, que ora agem de acordo com o que esperamos, ora tomam decisões altamente questionáveis; eles se respeitam, se odeiam, se elogiam, brigam e a forma com que isso nos é apresentado através de coisas que ficam subentendidas é genial. Um pequeno clássico!
“Você é um monstro e, em consequência, em você tudo tem de ser monstruoso: seus sonhos e esperanças”
Fiódor Dostoiévski