O Visitante Noturno é um daqueles livros que o Carlos Rubio me indica e que geralmente eu nunca ouvi falar. Como ele sempre indica coisa boa, eu embarquei neste mundo surreal sem ter ideia onde estava me metendo, e foi legal.
Algo que me chamou atenção logo de cara é que na contracapa há um comentário sobre o livro que diz assim: “O anarquismo filosófico de Traven, seu desprezo pelo Estado e pelas convenções sociais e seu amor pela liberdade individual e pelo passado primitivo têm o potencial de torná-lo objeto de reverência para as novas gerações”.
Além disso, B. Traven é uma das figuras mais enigmáticas da literatura moderna. Não se sabe exatamente onde ele nasceu, nem quem ele era, e essa aura obscura sobre o autor – pelo menos pra mim – deixa seu texto ainda mais charmoso e enigmático.
Temos em O Visitante Noturno duas novelas que são contadas com uma narrativa tão envolvente que você é literalmente transportado para dentro do mundo místico de B. Traven. Sua escrita é simples e direta, e um humor bastante peculiar aparece nos momentos certos. O autor flutua entre diferentes estilos e humores, há uma boa dose de realismo mágico, ficção, mistério, passagens surreais e lisérgicas, e também um ar soturno ao estilo Edgar Alan Poe.
O conto que dá nome ao livro se passa nas profundezas das selvas mexicanas e relata as alucinações e delírios de um leitor que começa a perder a noção entre realidade e ficção dos livros que está lendo.
Mas o grande destaque pra mim é o conto Macário, que também se passa no México e faz referência a um conto popular russo onde um camponês faz um acordo com a morte, mas é claro que uma coisa dessas não tem como terminar bem né?