Aline Bei
Ler autoras contemporâneas brasileiras tem sido uma experiência incrível e transformadora. Depois de conhecer Sheyla Smanioto com seu ótimo “Meu Corpo Ainda Quente” e o incrível “Se Deus Me Chamar Não Vou” de Mariana Salomão Carrara, peguei pra ler essa maravilha chamada “Pequena Coreografia do Adeus”, segundo livro da escritora paulista e vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura, Aline Bei.
A experiência de leitura foi particularmente marcante para mim; a começar pela escrita de Aline, que apresenta seu texto com uma estrutura diferente do convencional, sua linguagem tem um ritmo que deixa o texto parecido com um poema. Quando necessário, uma palavra ou frase é formatada em tamanho maior ou menor, dependendo da importância daquele trecho para a história. Além disso, a autora nitidamente escolhe cada palavra com um cuidado especial para transmitir ao leitor um significado/sentimento específico.
Essa escrita poética é de uma beleza ímpar e contrasta diretamente com os temas abordados na história como negligência, abandono e violência moral e física.
A história é contada em 3 diferentes fases, da infância à vida adulta da narradora, Julia, que tem uma relação tensa com sua mãe, uma mulher ressentida, infeliz e incapaz de aceitar o término do seu casamento. Julia experimenta também um grande distanciamento de seu pai, e se sente completamente sozinha, precisando se encontrar na ausência de afeto de seus pais, que estão mais preocupados em seus próprios problemas do que com a garota.
É uma jornada lenta de autoconhecimento e de auto aceitação, que não poupa o leitor de passagens pesadas, descrições cruas e devastadoras. Uma história que não passa batido, pelo contrário, te convida a experimentar os mesmos sentimentos da narradora, e o resultado é uma obra espetacular!
Já estou ansioso pra ler o outro livro da autora, “O Peso do Pássaro Morto”, que lhe rendeu o Prêmio São Paulo de Literatura.
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