Quando eu decidi retomar o hábito da leitura depois de muito tempo parado, conversar com amigos leitores foi essencial e me ajudou demais no processo. Pergunte Ao Pó foi a primeira indicação de uma lista que o Lucas montou pra mim.
Não perguntei pra ele depois, mas acredito que o Lucas me indicou este livro porque ele é muito fácil e gostoso de ler. A escrita de John Fante é muito boa, os capítulos fluem com naturalidade, os personagens cativam e foi muito fácil me conectar à história.
Inspiração
Quando li o livro eu nem cogitava que meses depois a vontade de escrever meus próprios textos cresceria aqui dentro de alguma forma, e gosto de pensar que mesmo sem saber, John Fante foi um dos que ajudou a plantar essa semente.
Em Pergunte ao Pó acompanhamos a vida de Arturo Bandini, um jovem de 20 e poucos anos que tem o sonho de se tornar um escritor famoso; ele se muda então pra Califórnia na tentativa de realizar o seu objetivo. Entretanto, ele não tem dinheiro nem pra pagar o próprio aluguel, e às vezes nem pra comprar comida.
Mais do que a história em si, o que me chamou atenção na obra foi a humanidade dos personagens, que têm muitos sonhos, mas que precisam lidar constantemente com fracassos e adversidades. Arturo tem aquela imaturidade do jovem que acha que sabe tudo; seus comportamentos questionáveis me deixavam com vontade de dar uns tapas na cara dele. O comportamento auto destrutivo do rapaz é desesperador.
Pesquisando a respeito da obra, descobri que o autor usava Arturo Bandini praticamente como um alter ego, trazendo traços bastante pessoais para suas obras . John Fante tem um senso de humor único e bastante cínico, do jeito que eu gosto. Provavelmente por isso gostei tanto de Pergunte Ao Pó.
Pergunte ao Pó
Fui até o final do corredor, até o patamar da escada de incêndio, e ali me soltei, chorando e incapaz de me conter, porque Deus era um canalha tão sujo, um pulha desprezível, é o que Ele era por fazer aquilo com aquela mulher. Desça dos céus, seu Deus, venha até que que vou socar seu rosto por toda a cidade de Los Angeles, seu moleque miserável e imperdoável.
John Fante