Michael Valentine Smith, ou simplesmente Mike, é uma criança que nasce a bordo de uma nave que fazia uma expedição rumo a Marte. Após enfrentar alguns imprevistos a nave perde contato com a Terra e Mike é o único que sobrevive. Ele então é criado por um povo alienígena que habita o planeta, mas que não é visível aos olhos humanos. Mais ou menos como uma espécie de espírito sem um corpo físico. Isso é só o comecinho de Um Estranho Numa Terra Estranha.
Mike aprende seus costumes e forma de experienciar a vida, que é muito peculiar e completamente diferente da nossa. 25 anos depois outra expedição é enviada a Marte quando se descobre a existência de um sobrevivente que seria herdeiro de uma grande fortuna aqui na Terra.
Quando Mike volta pra Terra o autor começa a desconstruir gradativamente nossa visão sobre ciência, religião e filosofia. Mike não compreende a forma primitiva como enxergamos e definimos nossos valores aqui neste planeta estranho e bizarro.
O “marciano” transforma a vida de todos ao seu redor, gerando uma espécie de pensamento livre, em que toda forma de amor é válida, sem limites, sem travas morais, sem censura e sem pudores. Mike tem uma ideologia de vida bastante diferente, contemplando tolerância filosófica, libertalismo humano, poligamia e a ameaça comunista. Esse último é brincadeira, gente!
Lançado na década de 1960 por Robert Heinlein, o livro usa o pano de fundo da ficção científica para fazer diversas críticas à sociedade da sua época, pregando o amor livre, cutucando o consumismo e a religião. Um Estranho Numa Terra Estranha foi reverenciado pelas comunidades hippies e execrado pelos conservadores.
O que mais me marcou durante a leitura é que a obra convida o leitor a questionar os valores que lhe são impostos pela sociedade e pensar com a sua própria cabeça.
O livro não é perfeito, tem um viés machista em certos momentos; seu ritmo é bom e a construção da história se dá de forma gradativa, porém, em algumas partes a trama parece confusa e você fica perdido, tentando entender pra onde a história está indo. Entretanto, são mais pontos altos do que baixos. Uma obra deliciosamente subversiva e questionadora.
Um Estranho Numa Terra Estranha | Robert Heinlein
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