Black Hole é um aterrorizante mergulho no drama de adolescentes de uma típica cidade do interior dos EUA em meio à década de 70. Foi uma indicação do Proibido Ler. Mais uma ótima experiência de leitura, assim como Maus.
É até difícil escolher quais aspectos de Black Hole posso abordar neste resumo, já que o quadrinho tem tantas camadas e subtextos que há espaço pras mais diversas interpretações. De fato há um verdadeiro “Buraco Negro” de possibilidades aqui.
Buraco Negro
De forma geral, a HQ aborda os traumas adolescentes, como a descoberta da sexualidade e os conflitos internos tão comuns nessa fase conturbada. Junte a isso um clima constante de suspense e horror. Afinal, não basta lidar com seus próprios hormônios e neuras, os jovens são acometidos também por uma estranha mutação transmitida sexualmente, que se manifesta de maneiras horripilantes, variando de pessoa para pessoa. Alguns desenvolvem, chifres, outros rabos, bolhas, infecções e muita coisa estranha acontece.
Nesse universo macabro, acompanhamos pequenas histórias que vão conduzindo o enredo e abordando temas como drogas, depressão, estupro e suicídio. É o pacote completo do desgraçamento. Eu gosto de histórias com seres humanos quebrados, então gostei da visão de mundo do autor. Foi uma experiência envolvente e bastante reflexiva, repleta de terror e existencialismo.
A falta de um protagonista me fez pensar que talvez o personagem principal de Black Hole seja a Aids, de uma forma um tanto lúdica mas nem tão sutil Charles Burns traça um paralelo com a doença mostrando como a vida de um jovem infectado pode ser um verdadeiro abismo.
É uma leitura bem interessante e diferente do que eu já tinha experienciado até então. Parece que o Bruno me fez entrar de vez no mundo dos quadrinhos. Não tem mais volta!
Aproveite pra conhecer o Proibido Ler.
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