Adentrar os portões da literatura russa foi pra mim uma descoberta fascinante. Sei que ainda estou no início dessa caminhada mas a empolgação não para de crescer, ainda mais depois de ler Diário de um Homem Supérfluo.
Comecei com Tolstói, segui com Dostoiévski, e minha terceira escolha de leitura russa foi Diário de Um Homem Supérfluo de Ivan Turguêniev, publicado em 1850.
Diário de Um Homem Supérfluo é um título tão bom que não li sinopse e nem pesquisei muito antes de embarcar nesta novela de 96 páginas. Segurei na mão de Turguêniev e fui.
Tchulkatúrin (que nome engraçado!) é um homem à beira da morte, que decide escrever um diário que na verdade é um compilado de algumas de suas memórias. Ele se depara com a sua falta de relevância e decide explicar ao leitor porque ele é de fato um homem supérfluo.
O protagonista passa a narrar uma passagem da sua vida e conta sobre o seu amor não correspondido por Liza. O destino, sua falta de coragem pra tomar decisões e outros pormenores transformam a narrativa numa jornada de tristeza e infortúnios. Tchulkatúrin anseia por ser útil, criar relações e pertencer à sociedade. Entretanto, acaba sempre sozinho e dessa forma passa a agir de forma autodestrutiva.
Adorei os contornos psicológicos do protagonista, é um personagem fora do padrão, singular e sombrio; mas ao mesmo tempo lúcido e inerte, ou seja: é tudo muito estranho.
“Os homens podem ser maus, bons, inteligentes, estúpidos, agradáveis e desagradáveis; mas supérfluos… não. Ou seja, quero que me entenda: O mundo poderia passar sem esses homens…sem dúvida; mas a inutilidade não é a sua principal característica, não é o seu traço distintivo, e quando se fala deles, a palavra “supérfluo” não é a primeira que vem à boca. E eu…quanto a mim, não é preciso dizer mais nada: supérfluo, e ponto. Um homem inútil, eis tudo.”
Ivan Turguêniev
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[…] é a segunda obra de Ivan Turgueniev que tenho contato. A primeira foi o incrível Diário de Um Homem Supérfluo. Pais e FIlhos é considerado por muitos a grande obra prima do escritor russo, e de forma geral […]