Esta é a segunda obra de Ivan Turgueniev que tenho contato. A primeira foi o incrível Diário de Um Homem Supérfluo. Pais e FIlhos é considerado por muitos a grande obra prima do escritor russo, e de forma geral aborda o conflito de gerações.
Levando em conta o contexto histórico, o livro reflete um dos acontecimentos mais importantes de sua época na Rússia: o fim da servidão dos camponeses pelos senhores de terras. Diante de uma mudança tão significativa, Turgueniev usa este pano de fundo pra mostrar ao leitor o conflito de ideias entre duas gerações, os pais e seus filhos.
Arkádi Nikolaitch retorna da faculdade para a casa de seus pais acompanhando de um novo amigo e mentor, Bazárov, um jovem anti social, niilista, e que despreza qualquer tipo de autoridade. Acompanhamos então o crescente desgosto da família do protagonista com os novos pontos de vista e opiniões de Arkádi.
O mais interessante no desenrolar da trama é a mudança de perspectiva dos personagens e como o autor consegue mostrar os dois lados da história sem te empurrar goela abaixo o que é certo e o que errado. Acredito que se eu tivesse lido este livro quando era mais novo teria mais empatia com os jovens, e minha impressão ao chegar no final da trama é que os mais velhos se mostraram mais abertos e propensos a entender a nova geração do que seus filhos.
A relação de Arkádi tanto com seus pais quanto com seu amigo vai passando por transformações enquanto o personagem vai desenvolvendo seu próprio senso crítico. De uma forma muito bem construída, o autor mostra que uma ideologia não pode nunca estar acima dos seus princípios e valores, dessa forma o leitor aprende junto com os personagens a entender o mundo à sua volta e evoluir.
Turgueniev tem um estilo de escrita muito fluido, seus personagens aqui tem diversas camadas e em certas partes ele se vale de cenas cômicas, que contrastam com o tom conflituoso de Pais e Filhos. Achei um livrasso!
Pais e Filhos | Ivan Turgueniev
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