Marjane Satrapi
Persépolis é uma HQ autobiográfica da iraniana Marjane Satrapi, que aborda diversos temas: liberdade, drogas, relacionamento familiar, conservadorismo, machismo, questões de classe e opressão. Os quadrinhos em preto e branco têm traços simples, bonitos e fáceis de acompanhar.
Com apenas 10 anos de idade, a vida de Marjane virou de ponta cabeça. Ela testemunhou de perto a revolução que levou o Irã ao regime xiita, ou seja: ainda criança a autora perdeu a liberdade de se vestir como bem entendesse, bem como sua liberdade de ir e vir; passando a lidar com um regime totalitário que separava até meninos e meninas na escola.
Por outro lado, Marjane cresceu cercada por uma família bastante politizada. Seus pais defenderam a liberdade da classe trabalhadora, lutaram por igualdade de gênero, e principalmente, combateram o imperialismo no Irã. Boa parte destes temas permeiam a obra como um todo, que é contada sempre do ponto de vista da autora a partir de suas experiências enquanto criança, adolescente e jovem adulta.
Apesar dos temas pesados, Marjane conta sua história com uma beleza e delicadeza notáveis. Acompanhamos o relacionamento dela com seus pais, as dúvidas e incertezas de sua adolescência, os anos que ela passa sozinha na Áustria, e principalmente sua indignação com um regime que suprime a liberdade das mulheres.
Pelos olhos de Strappi, acompanhamos o desabrochar do seu pensamento crítico e de seu senso de justiça, entendemos como é complicado crescer em meio à repressão constante, guerras, e muita injustiça.
Persépolis é bastante marcante por apresentar uma realidade completamente diferente da brasileira, mas que ao mesmo tempo tem suas similaridades por conta das inúmeras adversidades enfrentadas pelo povo. Mais uma ótima HQ pra me provar que não é porque eu não gosto de heróis que não existam HQ`s incríveis e com ótimas histórias a serem contadas.