Eu nunca fui leitor de quadrinhos, meu interesse sobre este universo por muito tempo foi praticamente nulo. Não gosto de histórias de super herói, e na minha cabeça os quadrinhos eram sempre sobre a maldita jornada do herói. Um preconceito bobo eu sei, mas que felizmente eu tive a decência de superar, com ajuda dessa HQ fantástica chamada Maus.
Pedi indicação de quadrinhos pra alguns amigos e comprei 4 de uma vez só. Mostrei os títulos pra um deles, que me recomendou começar por Maus, mesmo não sendo o quadrinho que ele mesmo tinha me recomendado. Deixo aqui agradecimento ao Rafa pela indicação de Maus.
Retrato fiel da guerra
Com extremo domínio sobre a sua narrativa, Art Spigelman dá um show em Maus. Ele conta a história de seu pai, Vladek Spigelman, um judeu nascido na Polônia e que sobreviveu ao holocausto.
O tema é pesado, e mesmo sendo uma história já que foi contada inúmeras vezes em livros, filmes e documentários, neste formato lúdico dos quadrinhos a coisa ganha uma nova dimensão.
Chega a ser poética a linguagem utilizada pra representar os judeus como ratos (daí o nome da HQ) e os nazistas como gatos. Além de trazer um contexto histórico muito rico, contado pelo ponto de vista de Vladek.
Art Spigelman inclui ainda boas doses de humor e sarcasmo contando a história de seu pai e ao mesmo tempo os bastidores da guerra. Sem tratar Vladek ou os judeus como vítimas, o autor consegue trazer uma certa crueza ao narrar os acontecimentos, mostrando inclusive o lado racista e mesquinho do pai, e também as traições dos próprios judeus entre si, naquela situação extrema onde sobreviver era o único objetivo. Magistral!