Imagine uma época onde os seres humanos são um tanto quanto idiotizados e incapazes de pensar e agir… Não estamos falando dos dias atuais, embora pareça!
Depois de uma ótima experiência de leitura com O Fim da Infância, me pareceu uma boa ideia seguir dentro da ficção científica. A Máquina do Tempo foi uma das primeiras histórias a abordar o tema da viagem no tempo, e me surpreendeu por que o livro não se preocupa em mostrar as consequências de uma viagem no espaço-tempo, muito menos uma aventura para resolver algo no futuro ou no passado.
Viagem no Tempo
Wells traz uma proposta mais filosófica e situa a sua história no longínquo ano de 802.701!!, o que automaticamente nos transporta para uma realidade que já não tem conexão alguma com a nossa. É impressionante a habilidade do autor em traçar paralelos sobre questões morais desse futuro inimaginável com a sociedade da sua própria época, que permanecem atuais até os dias de hoje, e provavelmente continuarão fazendo sentido nos séculos vindouros.
No quesito ciência, as explicações me conectaram à trama com facilidade. No começo da história o protagonista conta a um grupo de amigos um conceito que tem trabalhado: a geometria em quatro dimensões (comprimento, largura, altura e tempo). Somos apresentados à sua máquina do tempo, e de forma muito clara o autor nos faz crer que a sua ideia é perfeitamente plausível. Logo somos transportados a um futuro um bastante perturbador.
Em 802.701 não existem mais animais, os humanos são pequenos e esquisitos, parecem viver como crianças: sem preocupações e responsabilidades. Você acompanha tudo com deslumbramento e um crescente terror. Uma dura crítica aos rumos que a sociedade estava (e continua) tomando. Parece um episódio de Black Mirror escrito há mais de 125 anos. Uma alegoria fantástica pra falar sobre a luta de classes.
A Máquina do Tempo
“Não existe inteligência onde não existe mudança ou a necessidade de mudança.”
H. G. Wells
1 comentário
[…] experiência de leitura com “A Máquina do Tempo” de H. G. Wells foi tão notável que pouco tempo depois voltei ao autor e desta vez escolhi “O […]