![Ninguém Escreve Ao Coronel](https://jornadaliteraria.com.br/wp-content/uploads/2022/08/ninguem-escreve-ao-coronel-gabriel-garcia-marquez.jpg)
Gabriel Garcia Marquez
Ninguém Escreve ao Coronel é o terceiro livro do incrível Gabriel Garcia Marquez que pego pra ler, depois de “Crônica de uma Morte Anunciada” e “Cem Anos de Solidão”. Minha admiração pelo seu trabalho cresce a cada nova leitura, Gabo conta histórias sobre os dissabores da vida cotidiana com maestria, arrastando o leitor pra dentro da vida miserável de seus personagens.
Numa pequena cidade do interior, um coronel reformado vive em situação de extrema pobreza enquanto espera há anos pelo pagamento da sua aposentadoria. O correio chega sempre na sexta feira e toda semana ele se enche de esperança de que sua aposentadoria perdida em trâmites burocráticos enfim chegará, mas de fato ninguém escreve ao coronel. A partir dessa premissa, o leitor se vê mergulhado no sofrimento do coronel e sua esposa asmática.
A história é recheada de ironia e críticas à história e política colombiana, onde os pobres são esquecidos e vivem num estado perpétuo de subsistência. Assim, o velho se vê lutando contra seu próprio orgulho, e começa a cogitar vender o pouco que tem pra sobreviver. incluindo um um galo de briga herdado por devido à morte de seu filho. Aliás, o galo de briga é um elemento bastante curioso na trama, e deixa a história ainda mais melancólica conforme a narrativa avança.
O texto é curto e toca em temas importantes como solidão, teimosia, injustiça, impunidade, esperança, e ditadura. Ninguém Escreve ao Coronel é um ótimo livro e pode servir tranquilamente como porta de entrada para a literatura riquíssima de Gabriel Garcia Marquez.
Trecho de Ninguém Escreve Ao Coronel:
– É um galo que não pode perder.
– Mas supõe que perde.
– Ainda faltam quarenta e cinco dias para começarmos a pensar nisso – replicou o coronel.
A mulher ficou desesperada.
E entretanto o que comemos – perguntou, e agarrou o coronel pelas bandas do casaco do pijama. Sacudiu-o com energia.
– Diz lá, o que vamos comer.
O coronel precisou de setenta e cinco anos – os setenta e cinco anos da sua vida, minuto a minuto – para chegar a este instante. Sentiu-se puro, explícito, invencível, no momento de responder:
– Merda!
Ninguém Escreve Ao Coronel | Gabriel Garcia Marquez
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