Seja Homem é um dos livros mais interessantes que li em 2021. A obra do escritor e educador congolês J.J. Bola é uma espécie de guia, bem didático, que convida os homens a repensar seu lugar na sociedade e entender alguns ciclos tóxicos aos quais somos expostos desde crianças.
Achei interessante como J.J. Bola traz o assunto para debate de forma leve e lúcida, ele traça um panorama bem completo de como a ideia convencionada de masculinidade condiciona o permanente privilégio dos homens no mundo e afeta a sociedade como um todo.
A partir de experiências pessoais, Bola reflete sobre a construção da masculinidade, e põe em evidência o comportamento masculino como uma performance para a qual os homens são socialmente condicionados. Sabe aquela história de que homem não chora? Essa é só a ponta do iceberg…
Quantas vezes você ouviu frases como: Homem não chora! Seja homem, não reclame. Seja homem, parece até uma menina! São comportamentos que acabam por formar homens sem empatia e com raiva de mulheres. Ele também desmistifica a ideia de que homens são racionais e mulheres são emotivas, citando atos violentos e completamente irracionais como brigas de torcidas de futebol, por exemplo.
A obra aborda fatores culturais e locais para se fazer entender, citando o exemplo de que em alguns países um homem segurar a mão de outro é algo comum, assim como beijar a face de outro homem, mas que na visão ocidental isto é uma agressão aos costumes.
J.J. aponta os mitos e erros dessa hegemonia masculina na sociedade, e a partir daí encaixa temas relacionados a amor, raça, gênero, saúde mental, feminismo e expõe como a cultura pop tem papel importante na perpetuação do machismo.
Pra fechar com uma frase do livro: “Homens não interagem com os próprios sentimentos ou emoções, ou se importam sobre como as pessoas ao nosso redor sentem-se devido ao nosso comportamento. Normalmente, nós somos ensinados a obter o domínio”.
Que tipo de homem você quer ser?